fbpx

Meia 92

A obra de Graciliano Ramos segue viva em teatro de SP

4

A Cia Mov Teatro, após as montagens de SP, 1922 e Viva a Vaia, que retrataram o movimento modernista de 22, chega agora à segunda fase desse movimento, trazendo aos palcos do teatro um dos autores mais emblemáticos desse importante momento cultural no Brasil: Graciliano Ramos.

Os modernistas brasileiros, confundindo o ambiente literário do país com a Academia, traçaram linhas divisórias rígidas (mas arbitrárias) entre o bom e o mau. E, querendo destruir tudo o que ficara para trás, condenaram, por ignorância ou safadeza, muita coisa que merecia ser salva.”

Esta frase do próprio Graciliano Ramos o situa na segunda fase do do movimento modernista no Brasil, denominada de fase de consolidação (1930-1945), posterior e, em certo modo, opositora ao que havia sido “plantado” pelos protagonisas da Semana de 1922.

Graciliano marcou época e até mesmo sobre o período em que passou na cadeia, para desgosto de seus inimigos e opositores, afirmou:

Em qualquer lugar, estou bem. Dei-me bem na cadeia. Tenho até saudades da Colônia Correcional. Deixei lá bons amigos.”

Em cartaz no Teatro Unicid, os dois espetáculos são muito importantes no auxílio ao processo pedagógico de ensino da literatura brasileira e na preparação para os vestibulares para as principais universidades.

Vidas Secas

Publicado em 1938, este romance documental é, talvez, a obra mais emblemática de Graciliano. Aqui, é retratada a vida de uma família de retirantes com sua cachorra e papagaio, num texto que não glamouriza temas como a miséria e a seca do nordeste.

Nesta adaptação da Mov para o teatro da icônica obra, busca-se realçar fielmente os aspectos principais da obra literária.

Assim, além de haver uma abordagem artística na recriação teatral da narrativa em terceira pessoa por um narrador onisciente e onipresente, com a participação, no palco, do personagem Graciliano Ramos, e dos marionetes que personificam a cachorra baleia e os meninos, não se perdem as principais características do livro.

Os meninos, animalizados, e a cachorra Baleia, humanizada, são protagonistas personificados com o uso de marionetes, manipulados ao vivo e que interagem com as personagens Fabiano e Sinhá Vitória.

A encenação, a trilha sonora e os cenários vagueiam pelo teatro recriando o universo vivido por uma família, em seu caminho em busca da sobrevivência, do Nordeste ao Sul do país.

Conteúdo Relacionado