Embora a prática de lavar o frango antes do preparo seja comum em lares brasileiros, diversos estudos científicos comprovam que essa atitude não apresenta benefícios do ponto de vista da segurança alimentar, podendo inclusive representar um risco à saúde pública. Para aprofundarmos nesse tema, consultamos Flaubenia Maia, engenheira de alimentos da Tijuca Alimentos, empresa cearense há 55 anos referência em cortes de frangos, ovos e queijos.
Segundo Flaubenia, a principal razão para evitar lavar o frango antes do preparo está na ineficácia dessa prática na eliminação de bactérias presentes na carne. Na realidade, o jato d’água pode disseminar as bactérias para outras superfícies da cozinha, contaminando outros alimentos e utensílios. “O frango abatido, em abatedouro, com inspeção, eles já passam por um processo de lavagem, na temperatura correta, com a quantidade de cloro adequada, ou seja, a ave já chega ao consumir lavado, não precisando ser lavado novamente em casa”, explica.
A contaminação pode provocar uma Doença Transmitida por Alimentos (DTAs), que em adultos saudáveis, pode ocasionar doenças menos severas, mas em crianças e idosos, há mais chances de consequências graves, como internação hospitalar ou até morte, a depender da quantidade de alimento ingerido ou do tipo de bactéria.
“O cozimento adequado, em temperaturas superiores a 74°C, é a única forma segura e cientificamente validada de eliminar as bactérias presentes no frango e prevenir doenças como salmonelose e campilobacteriose”, elucida a especialista.
Contaminação cruzada
Além de não eliminar as bactérias, lavar o frango também aumenta o risco de contaminação cruzada. Esse fenômeno ocorre quando as bactérias da carne crua contaminam outros alimentos que já estão cozidos ou prontos para o consumo.
“Imagine o seguinte cenário: você lava o frango e, logo em seguida, utiliza a mesma tábua de corte para picar legumes. As bactérias do frango podem contaminar os legumes e ocasionar doenças”, adverte a engenheira de alimentos.
De acordo com a Anvisa, em condições ideais, de calor e umidade, uma única bactéria alojada em alimentos perecíveis pode se multiplicar em 130.000 em apenas seis horas. Portanto, para garantir a segurança alimentar durante a manipulação do frango, a especialista recomenda as seguintes medidas:
- Lavagem rigorosa das mãos com água e sabão antes e depois de manusear o frango;
- Utilização de tábuas de corte e utensílios específicos para o frango, com posterior higienização meticulosa com água quente e sabão após o uso;
- Separação do frango de outros alimentos durante todo o processo de preparo e armazenamento;
- Cozimento completo do frango, até que a carne esteja totalmente branca e os sucos fiquem transparentes.
“É importante ressaltar que a lavagem do frango antes do preparo não oferece nenhum benefício à segurança alimentar, podendo inclusive representar um risco à saúde pública. Seguir essas medidas é fundamental para garantir o manuseio seguro e higiênico dessa carne, e assim evitar práticas que possam comprometer a saúde e a qualidade do alimento”, conclui a engenheira.