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Meia 92

RS confirma primeira morte por leptospirose e especialista alerta para transmissão da doença no estado

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Uma morte por leptospirose foi confirmada pela Secretaria Estadual de Saúde, em Travesseiro, no Rio Grande do Sul, na última segunda (20), desde o início das enchentes no estado. Até o momento, já foram confirmados 19 casos da doença e registradas mais de 304 ocorrências ainda sem confirmação.

Ao lado dos distúrbios respiratórios, a enfermidade é a mais preocupante em relação às doenças que podem se alastrar após a tragédia. As inundações propiciam a disseminação da leptospirose, que é transmitida através da exposição direta ou indireta à urina de animais, especialmente dos ratos, infectados pela bactéria Leptospira.

Para o Dr. Marcelo Becharamédico cirurgião e clínico geral, a transmissão da doença ainda pode ser caótica no Rio Grande do Sul. “A leptospirose pode evoluir para uma forma mais grave e causar falência renal e/ou do fígado, levando a óbito. Não tem vacina para prevenir e é inevitável não ter contato com água ou superfícies contaminadas”, afirma.

Segundo o especialista, a doença é oportunista, pois se aproveita  da baixa imunidade do indivíduo, ocasionada por diversos fatores: sono de má qualidade, má alimentação, estresse e contato com água suja por um grande período de tempo.

“Nestes casos, como prevenção, o ideal é a profilaxia, uso de remédios  para evitar ou atenuar possíveis doenças, principalmente aos pacientes que ficaram muito tempo embaixo d’água, engoliram água ou para os socorristas. A bactéria pode penetrar em um machucado, em uma lesão, por exemplo, e muito tempo em contato com a água diminui a barreira da pele. Na leptospirose, um dos primeiros sintomas é a  dor intensa e desconhecida. Menos graves, mas ainda assim arriscado, a paciente também fica extremamente suscetível a influenza, a Covid-19 e muitas outras”, explica Bechara.

Outras doenças

O momento é de cuidado com a saúde das vítimas, voluntários e socorristas. No início de maio, a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI)Sociedade Gaúcha de Infectologia (SGI) e Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIM) lançaram uma nota técnica recomendando a imunização para gripeCovid-19raiva, tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba)hepatite B, tétano e febre tifoide.

“É uma situação complicada. Se não prevenir ou evitar, é importante tratar. Vão aparecer doenças de todas as formas e com mais facilidade. A hepatite pode ser contraída em contato com a água; nos abrigos, a proximidade das pessoas favorece a transmissão de Covid, gripe e infecções que passam por aerossóis. Fora os casos de pneumonia e infecções gastroenterites”, revela o Dr. Marcelo Bechara.

Para que a situação não se torne ainda pior, a população deve tomar algumas medidas. É preciso utilizar equipamentos de proteção individual (EPI ‘s) adequados durante a limpeza das áreas afetadas, assim evitando o contato direto com a água parada, usando botas e luvas impermeáveis. Além disso, é necessário manter uma boa higiene pessoal atualização do calendário vacinal.

“Já temos um tratamento hospitalar complicado, essa situação vai impactar ainda mais. A população precisa ter cautela e precaução nas suas atividades, nos abrigos e durante o retorno para casa. Muito além, o governo precisa investir ainda mais na saúde pública regional para a prevenção, com vacinas e tratamentos prolongados no sistema de saúde. É necessária toda uma reconstrução, até mesmo quando toda  água abaixar”, enfatiza Bechara.

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