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Está chegando o Ramadan, o mês sagrado para os muçulmanos. Você sabe o que significa?

ramadan

Daqui a alguns dias, os quase dois bilhões de muçulmanos que existem no mundo celebrarão o Ramadan, o mês sagrado da religião islâmica. O início será no dia 10 ou 11, dependendo do posicionamento da lua.

Como no Brasil o Islam é uma religião minoritária, muitas pessoas desconhecem a importância e o que significa a celebração. “Foi neste período – que corresponde ao nono mês do calendário lunar islâmico – que o Alcorão, o livro sagrado da religião islâmica, foi revelado ao Profeta Muhammad. Ele foi escolhido por Deus para receber as mensagens sagradas que deram base e início à religião islâmica no século VII”, explica Ali Zoghbi, vice-presidente da FAMBRAS, Federação das Associações Muçulmanas do Brasil.

Os muçulmanos, reforça Zoghbi, aguardam o início do mês sagrado com muita alegria, na certeza de se tratar de um período de purificação, aprofundamento espiritual e maior convívio com os familiares e a comunidade. “Na prática, isso se dá por meio do jejum, das orações e da prática da caridade”.

O jejum – Talvez o jejum seja o ponto que desperta a maior curiosidade daqueles que desejam entender o Ramadan. Durante este mês, os muçulmanos são convidados a abster-se de água e alimentos entre o nascer e o pôr do sol. “Tradicionalmente, neste período, são feitas duas refeições por dia: uma ao final do jejum diário, preferencialmente congregando com a família e amigos, e outra um pouco antes do início do jejum, de madrugada, para que se tenha energia para as tarefas diárias”, detalha o vice-presidente.

Assim como ocorre em outras tradições religiosas, o jejum também é visto como um meio de estreitar relações com o universo espiritual interior e com Deus, além de desenvolver capacidades importantes para a pessoa e para as relações em comunidade como a disciplina, a atenção plena, a paciência, a honestidade e o autocontrole.

“É um momento, portanto, para rever e reavaliar hábitos, repensar caminhos e arrepender-se de atitudes prejudiciais, sempre observando as intenções puras – para que os méritos sejam acumulados”, reforça Zoghbi. “Espera-se, ainda, que o perdão aos pecados nos purifique e que uma nova etapa de vida possa se iniciar”.

A fome e a sede, consequências do jejum, têm ainda outra finalidade: aproximar os muçulmanos da realidade dos mais necessitados.

A tradição permite a prática do jejum a partir dos 12 anos de idade, podendo ser até menos em algumas localidades. Pessoas que estão em viagem, mulheres grávidas, mães que estão amamentando, crianças, idosos e pessoas doentes não devem fazê-lo.

Orações e caridade – O vice-presidente da FAMBRAS esclarece que, além do jejum, os muçulmanos são convidados a intensificar suas orações, especialmente as noturnas. “As mesquitas normalmente adotam uma programação intensa, com as rezas e leitura do Alcorão, para receber toda a comunidade”, comenta.

Um outro ponto importante do Ramadan é o convite para ampliar as práticas de caridade. Esse pedido não é voltado para o benefício dos muçulmanos, mas de qualquer pessoa que necessite, independentemente de raça, religião, gênero ou qualquer outra condição.

“Praticar a caridade é uma premissa do Islam não só no Ramadan, é verdade. A religião prega compaixão e amor pelo próximo”.  Os dados mais recentes sobre insegurança alimentar no Brasil, disponibilizados no início de 2022, se referem ao início de 2022, mostraram que, considerando o total dos domicílios do país, 28% estavam em situação de insegurança alimentar leve; 15,2% em moderada; e 15,5% em grave, o que corresponde à fome.

O final do Ramadan é marcado pela maior festividade do calendário muçulmano, a Eid al-Fitr. Na quebra final do jejum, os muçulmanos vestem suas melhores roupas, enfeitam suas casas e oferecem alimentos a outros membros da comunidade.

“Para nós, muçulmanos, mesmo com as abstenções, é um período marcado por muita alegria. Por isso, desejo que, em cada canto do planeta, essa alegria reverbere, e que as bênçãos obtidas por meio do jejum e das orações se espalhem por todos, de qualquer nação ou religião. O Islam é uma religião de paz e, esse pedido, com toda certeza, será parte de nossas súplicas”.

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