Idealizado pelo músico, produtor e artista sonoro Dino Vicente, o Projeto Musical ‘Viola Avançada’ é composto pela pesquisa sonora realizada pelos idealizadores do projeto; um curta-documentário dirigido por Mário de Almeida, da Maravilha Filmes; um EP conceitual que será lançado brevemente nas plataformas digitais; cinco vídeos experimentais e o plugin ‘Adeus Viola’, um aplicativo desenvolvido por Paulo Itaboraí para manipulações sonoras.
‘Viola Avançada’ é uma produção do Programa de Ação Cultural (ProAC Direto 38/2021, Maravilha Filmes e Maracujá Cultural. Realização Cult SP e Governo do Estado de São Paulo por meio da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas.
O bate-papo ao vivo com os realizadores do Projeto Viola Avançada, Dino Vicente (músico, produtor e artista sonoro) e Paulo Itaboraí (artista pesquisador) será apresentado por Mário de Almeida (Maravilha Filmes) que assina a direção, montagem e finalização do curta-documentário.
Durante a live, serão abordados os processos da produção, a pesquisa e o desenvolvimento do plug-in ‘Adeus Viola, criado exclusivamente para o projeto. Às 20h será a exibição de lançamento do curta-documentário que narra o processo de realização da produção no Canal do Youtube (@violaavancada). Vale destacar que o filme ficará disponível apenas por 24 horas.
O elenco
Para o Projeto ‘Viola Avançada’ foram convidados os músicos Ricardo Vignini (violeiro e fundador da banda Matuto Moderno e do duo Moda de Rock); Edgard Scandurra (fundador, guitarrista e compositor do IRA!); Toninho da Viola (violeiro, arranjador e tocador de ‘Cururu’ de Piracicaba); Fábio Miranda (Mestre em Música, produtor cultural, arte-educador) e Kátya Teixeira (cantora, instrumentista e compositora paulistana, pesquisadora da cultura popular brasileira).
Uma das características que marca a grandiosidade do desafio de ‘Viola Avançada’ é que o resultado desse processo foi posteriormente apresentado para os músicos sem ensaio prévio. A partir disso, novamente foi registrado em áudio e vídeo as reações e interações com essas outras paisagens sonoras, texturas, pulsos e gestos musicais.
O Projeto
O ponto de partida dessa viagem musical foi registrar em áudio e vídeo os violeiros convidados em seus habitats, os diferentes tipos de viola, de gestos e repertório, compondo assim um grande banco sonoro. Dino Vicente explica que desde a captação do áudio e durante as filmagens do projeto ‘Viola Avançada’ foram utilizadas diversas ferramentas digitais, analógicas e mecânicas.
Para exemplificar, ele cita que os áudios foram registrados em um gravador digital Zoom com diversos tipos de microfonação. Para a seleção e edição do material bruto foram usadas plataformas Pro Tools e Reaper. “Na fase de processamento dos áudios, adotamos o programa MAX, desenvolvendo um aplicativo, o Adeus Viola, especialmente criado para a manipulação dos áudios da viola. Já no universo analógico usamos um sintetizador modular MOOG 15 e um Mini Moog Model D, ambos da década de 70”, detalha Vicente.
Experimentações em camadas de imagens e sons
O curta-documentário acompanha todo processo de produção, desde as saídas para as gravações até as captações dos áudios e imagens dos artistas em seus habitats. “Não é apenas um registro do que acontece, o curta faz parte do processo do registro. Filmar e gravar é uma coisa só. Tanto que os próprios áudios das filmagens e gravações foram utilizados para fazer as faixas do EP e nós estamos presentes enquanto tudo está sendo produzido, criado. Essa faceta do projeto ser o fluxo das coisas acontecendo, não é apenas transmitido ou abordado pelo documentário, ele é próprio documentário”, explica Almeida.
Sobre o formato do filme, ele conta que as captações já tinham a intenção de fazer sobreposições. “Da mesma forma que a música do projeto são camadas de áudio e do registro desses gestos musicais, o documentário trabalha com camadas de imagens, pensando as imagens não só como uma forma de mostrar os músicos tocando, traduzindo os sons, mas dialogando ou, de uma certa forma, também ser a própria música”, pontua.
Assim como todos os conteúdos do projeto, o documentário também é experimental, inclusive no sentido de trabalhar audiovisualmente os elementos da música feita pelo Dino Vicente. “A intenção no documentário foi trabalhar musicalmente imagem e som. Trabalhar com os elementos musicais do ritmo com o corte e a harmonia, a combinação de notas com sobreposições de imagens, é uma busca minha desse projeto”, afirma Almeida.
Curiosidades
Entre as curiosidades do Projeto Viola Avançada, destaca-se a participação de Toninho da Viola, violeiro, arranjador e tocador de ‘Cururu’ de Piracicaba, cidade que durante metade do século 20 reuniu muitos tocadores e cantores do Cururu. “Toninho é uma referência e é considerado um dos últimos tocadores do Estado de São Paulo da época de ouro do Cururu”, salienta Almeida.
Outro destaque do Projeto é presenciar Edgard Scandurra, fundador, guitarrista e compositor do IRA!, tocando viola pela primeira vez. “O Edgard é um ‘estranho’ que quisemos na produção porque ele já tem uma trajetória dentro da música eletrônica e com experimentações. É alguém de fora, que já tem intimidade com as cordas, mas não com a viola. Então o projeto proporcionou ver o Edgard tocando viola”, destaca Almeida.