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Caixa Cultural São Paulo apresenta gratuitamente exposição inédita de Rosana Mokdissi

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Até o dia 3 de dezembro a Caixa Cultural São Paulo realiza uma mostra inédita de 34 obras da artista Rosana Mokdissi. O público poderá conferir, gratuitamente, “O gesto como ponto de partida”, exposição de trabalhos que investigam como se dá a materialização dos gestos em obras de arte.

A mostra tem curadoria de Agnaldo Farias e é a primeira grande mostra da artista em São Paulo. Rosana está baseada em Brasília desde os anos 1990 – é na capital federal que ela mantém seu ateliê e desenvolve projetos artísticos.

A seleção em exibição na Caixa Cultural São Paulo traz trabalhos recentes, de 2020 a 2023, no qual os gestos se apresentam como forma e conteúdo. Do primeiro ano deste período, quando a pandemia exigiu meses de confinamento, estão obras que, segundo o curador, parecem grandes palimpsestos. “Era o nome dados aos antigos pergaminhos e papiros que, em virtude de seus altos custos, tinham seus textos raspados para serem reaproveitados’, explica Farias.

A lona pintada de dourado, com tarjas escuras, feitas de spray, é um exemplo da produção de 2020. Sugere a existência de um texto ocultado pela tinta. “Já o dourado, com sua carga simbólica, faz supor que algo eloquente emanava dali”, aponta o curador. A peça, com mais de um metro e meio de altura e quatro de largura, é um dos destaques da mostra.

Em outra obra da mesma série, no entanto, o texto se sobrepõe. As letras em branco formam, repetidamente, a palavra “give up” (desista     , em inglês) por cima de um fundo marrom, preto e cinza.  “A desistência se afirma pela repetição, pelo acontecer continuado, uma espécie de defesa da inação montado por um mesmo gesto obstinado”, explica Agnaldo. O trabalho tem quase dois metros de altura e de largura.

Entre 2021 e 2022, a artista aposta em novas escolhas. Em uma das obras, usando várias texturas de grafite, Rosana traçou linhas retas e circulares sob o branco sujo da tela. Na diagonal, inseriu uma linha grossa e vermelha.

“A obra diferencia-se das anteriores em virtude de sua natureza vaga, atravessada por gestos desencontrados, alguns menos seguros, balbuciantes, outros nítidos, finos, cortantes, retilíneos e circulares, espiralados, emaranhados”, aponta o curador.

Nessa fase, os gestos também aparecem      de outra maneira – efusivos, em certos casos. A tinta, de textura líquida, é arremessada contra a tela. Rosana utiliza uma espécie de vareta para criar os riscos, que se cruzam dentro e fora do espaço sem cor, preservando a intensidade dos arremessos.

 

MAIS COR

As cores e um certo ar primaveril estampam as obras produzidas em 2022. Formas circulares, lado a lado, fazem lembrar as árvores abarrotadas de flores. “Os múltiplos círculos se acumulam, interpenetram-se, chegam à tona, disputam o espaço entre si e entre os ramos pretos, semelhantes a raízes, feixes expressivos, nervosos, produzidos por spray”, explica o curador.

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